23
julho
2011

Conversando com um amigo meu sobre meu último post, ele questionou alguns pontos que gostaria de dividir com vocês.

Ele queria saber por que comprar sapatos no Brasil se eu moro em Dubai, a cidade das compras?

Bom, primeiro porque já rodei quase todas as lojas daqui a procura de roupas e sapatos e não encontrei nada que chegasse perto da qualidade dos produtos brasileiros (pois é!). E para não ser injusta, tentei até as lojas de grife, só para tirar a prova dos nove. Mas nem isso! Os cortes e caimentos não tinham o mesmo conceito. E mesmo que tenham, custam os tufos! Sapatos de bom gosto e confortáveis? Esquece! Ou são bonitos, mas não tem boa fôrma, ou são daqueles confortáveis demais e completamente sem estilo. Agregar os dois não rola. Então, a saída era mesmo a nossa indiscutível marca brasileira.

Segundo, porque sou fã de carteirinha dos nossos produtos! Defendo, sim, com unhas e dentes o nosso mercado interno. Somos um país auto-suficiente em tudo, ou quase tudo, e com excelente qualidade! O brasileiro tem essa mania de achar que tudo que vem de fora é melhor. Eu não acho. Isso já foi. Hoje temos um mercado pra lá de competitivo! De produtos para hidráulica a lingeries, são todos de primeira linha! Hoje, o Brasil vende excelência em quase tudo que exporta!! E quem não exporta, deveria.

Aqui nos Emirados Árabes por exemplo a única coisa que não é importada é o petróleo!! O resto, TUDO vem de fora! Inclusive do Brasil! A única vantagem de se comprar coisas por aqui, é que não há taxas (impostos) e, assim, algumas coisas acabam saindo mais baratas. Uma vez, nos Estados Unidos,  comprei uma bota que era linda e superconfortável. Quando fui conferir a fabricação: Made in Brazil hahahaha!

Outro ponto que conversamos foi sobre as mudanças de países que não são tão simples. Tudo é novo!! Temos que descobrir as ruas, os endereços, os caminhos, os lugares, as pessoas, os melhores e os piores, onde isso onde aquilo, e ninguém te dá nada de mão beijada. Tudo é com você! Dia a dia, é uma procura insana de onde fica isso, onde tem aquilo. Ok, a primeira vez é instigante, você está cheio de energia para explorar e descobrir as coisas. Mas, depois da terceira ou quarta mudança, já não é tão bacana assim. Enche, cansa, exaure de fazer as mesmas coisas tudo outra vez. Chega uma hora que você quer parar em um lugar só. Chega uma hora que você já não sabe mais onde colocou aquele documento ou aquela nota fiscal, ou aquela anotação que era tão importante, mas que naquele momento você não lembra onde foi parar! Ou então, aquele caderninho de endereços ou aquele álbum de fotos que você queria tanto completar um dia. E com a idade então, hahaha… fica ainda pior! Fica tudo meio nublado, meio perdido. Parece que fica tudo no meio no caminho…

Mudar de país significa largar tudo para trás, inclusive os amigos, que é o que nos ajuda a seguir em frente, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Agora, só atravéz da telinha do computador e olhe lá! Salve o Facebook!! Na vida real, temos que descobrir novos amigos, e isso não se faz da noite para o dia. Nem sempre aquele amigo do trabalho, ou vizinho tem a mesma afinidade que você. Colegas talvez. Mas amigos, aqueles que já criaram laços e que já te conhecem de trás para frente, é bem mais complicado. Sentimos falta deles! O convívio do dia a dia, daquele fim de semana em casa, na praia ou no restaurante…não existe mais. As festas divertidas, as piadas, as brincadeiras, as músicas, os gestos, e até o humor, quando a gente muda, TUDO MUDA!! Se temos a sorte de fazer amigos brasileiros, menos mal, estamos mais perto de casa. Mas, se são estrangeiros…aí a coisa complica! Como é que você vai cantar “Se chorei ou se sorri”, ou ” Explode coração” para um estrangeiro?? Não rola!!! Por mais que você tente se adaptar a eles e eles a você, não é a mesma coisa!  São hábitos diferentes, comidas diferentes, modo de se vestir diferente, tudo é diferente! E aí? Cadê a afinidade?? Caiu aqui embaixo da mesa…

Pois é. Mas, como não podemos ficar excluídos, temos que nos adaptar, com esse ou com aquele, com afinidade ou não. Porque são esses que nos cercam, e nem sempre damos a sorte de encontrar pessoas com quem nos identificamos. E aí aprendemos a nos adaptar com as novas situações, os novos grupos, com hábitos e costumes completamente diferente dos nossos. Pessoas com as quais você não sabe nada da vida delas e nem elas da sua. E quando começamos a nos identificar com eles…lá vamos nós de novo para um outro lugar, uma nova casa, uma nova vida e deixamos todos aqueles laços outra vez para trás.

É, pensa que é fácil? Mas não é não! Ainda que a tecnologia tenha aproximado muito mais as pessoas hoje em dia, ainda não inventaram nada que substitua o velho e gostoso abraço de um amigo querido. Sim, aqueles com quem você dava boas gargalhadas e se sentia à vontade para beber além da conta, já não fazem mais parte do seu dia-a-dia. Esses amigos agora estão longe. E o que dói mais: ainda estão no seu coração.

Aqui em Dubai, eu tive a sorte de encontrar um grupo de brasileiras muito bacanas e para lá de divertidas. Beijos pra vocês!

Enfim, mudar é trocar. Trocar de casa, de endereço, trocar de vizinhos, trocar de amigos, trocar de médicos, dentistas, sapateiro, costureira, cabeleireiro, empregada (ah essas são as que mais fazem falta!!), trocar de clima, de costumes, de comida, de cheiros, enfim, de TUDO, e tentar se adaptar da melhor forma possível, para que essas trocas não façam tanta diferença!

 

 

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