Arquivo da categoria: Mudanças

10
maio
2014

Sabe aquela história da freira que demorou anos para se acostumar com o hábito e quando finalmente ela começou a se acostumar, o hábito foi abolido? Pois é, a vida é assim, demoramos para nos acostumar com tudo que é diferente, e quando finalmente nos acostumamos… tudo muda de novo!!

Depois de 3 anos e meio vivendo em Dubai, chegou a hora de dizer adeus! Ai… que tristeza… 3 anos parecem poucos comparados a uma vida… mas para mim foram suficientes para deixar saudades. Nunca pensei que passaria esse aperto… desmontar minha casa, despedir dos amigos, dos médicos que salvaram minha vida, da manicure que finalmente acertou fazer minha unha, do jardineiro indiano que sentiu minha falta quando  saí de férias, dos vizinhos ocupados com seus filhos, mas que estavam sempre alí, acenando e te desejando um bom dia, da linda paisagem dubaiana que me dava bom dia todos os dias do ano, com seu sol radiante, ruas limpas e floridas. Um país que te proporciona estabilidade e segurança, que te deixa viver em paz e com qualidade de vida.

Ah Sheikh Mohammed… vou sentir sua falta… adorei saber da sua existência e de me dar esperanças que ainda existem pessoas boas nesse mundo! Além de um grande líder, uma pessoa humana, que se preocupa com o próximo, com seu povo e com o progresso do seu país.

Do mais, tudo que ficou registrado na minha memória… e uma grande saudade!

Thanks UAE for everything! Hope to see you soon… keep going with your hard work! I am proud to have lived in a such nice place! Good bye..

Cartão postal de Dubai Bur Al Arab Hotel

Cartão postal de Dubai
Burj Al Arab Hotel

23
julho
2011

Conversando com um amigo meu sobre meu último post, ele questionou alguns pontos que gostaria de dividir com vocês.

Ele queria saber por que comprar sapatos no Brasil se eu moro em Dubai, a cidade das compras?

Bom, primeiro porque já rodei quase todas as lojas daqui a procura de roupas e sapatos e não encontrei nada que chegasse perto da qualidade dos produtos brasileiros (pois é!). E para não ser injusta, tentei até as lojas de grife, só para tirar a prova dos nove. Mas nem isso! Os cortes e caimentos não tinham o mesmo conceito. E mesmo que tenham, custam os tufos! Sapatos de bom gosto e confortáveis? Esquece! Ou são bonitos, mas não tem boa fôrma, ou são daqueles confortáveis demais e completamente sem estilo. Agregar os dois não rola. Então, a saída era mesmo a nossa indiscutível marca brasileira.

Segundo, porque sou fã de carteirinha dos nossos produtos! Defendo, sim, com unhas e dentes o nosso mercado interno. Somos um país auto-suficiente em tudo, ou quase tudo, e com excelente qualidade! O brasileiro tem essa mania de achar que tudo que vem de fora é melhor. Eu não acho. Isso já foi. Hoje temos um mercado pra lá de competitivo! De produtos para hidráulica a lingeries, são todos de primeira linha! Hoje, o Brasil vende excelência em quase tudo que exporta!! E quem não exporta, deveria.

Aqui nos Emirados Árabes por exemplo a única coisa que não é importada é o petróleo!! O resto, TUDO vem de fora! Inclusive do Brasil! A única vantagem de se comprar coisas por aqui, é que não há taxas (impostos) e, assim, algumas coisas acabam saindo mais baratas. Uma vez, nos Estados Unidos,  comprei uma bota que era linda e superconfortável. Quando fui conferir a fabricação: Made in Brazil hahahaha!

Outro ponto que conversamos foi sobre as mudanças de países que não são tão simples. Tudo é novo!! Temos que descobrir as ruas, os endereços, os caminhos, os lugares, as pessoas, os melhores e os piores, onde isso onde aquilo, e ninguém te dá nada de mão beijada. Tudo é com você! Dia a dia, é uma procura insana de onde fica isso, onde tem aquilo. Ok, a primeira vez é instigante, você está cheio de energia para explorar e descobrir as coisas. Mas, depois da terceira ou quarta mudança, já não é tão bacana assim. Enche, cansa, exaure de fazer as mesmas coisas tudo outra vez. Chega uma hora que você quer parar em um lugar só. Chega uma hora que você já não sabe mais onde colocou aquele documento ou aquela nota fiscal, ou aquela anotação que era tão importante, mas que naquele momento você não lembra onde foi parar! Ou então, aquele caderninho de endereços ou aquele álbum de fotos que você queria tanto completar um dia. E com a idade então, hahaha… fica ainda pior! Fica tudo meio nublado, meio perdido. Parece que fica tudo no meio no caminho…

Mudar de país significa largar tudo para trás, inclusive os amigos, que é o que nos ajuda a seguir em frente, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Agora, só atravéz da telinha do computador e olhe lá! Salve o Facebook!! Na vida real, temos que descobrir novos amigos, e isso não se faz da noite para o dia. Nem sempre aquele amigo do trabalho, ou vizinho tem a mesma afinidade que você. Colegas talvez. Mas amigos, aqueles que já criaram laços e que já te conhecem de trás para frente, é bem mais complicado. Sentimos falta deles! O convívio do dia a dia, daquele fim de semana em casa, na praia ou no restaurante…não existe mais. As festas divertidas, as piadas, as brincadeiras, as músicas, os gestos, e até o humor, quando a gente muda, TUDO MUDA!! Se temos a sorte de fazer amigos brasileiros, menos mal, estamos mais perto de casa. Mas, se são estrangeiros…aí a coisa complica! Como é que você vai cantar “Se chorei ou se sorri”, ou ” Explode coração” para um estrangeiro?? Não rola!!! Por mais que você tente se adaptar a eles e eles a você, não é a mesma coisa!  São hábitos diferentes, comidas diferentes, modo de se vestir diferente, tudo é diferente! E aí? Cadê a afinidade?? Caiu aqui embaixo da mesa…

Pois é. Mas, como não podemos ficar excluídos, temos que nos adaptar, com esse ou com aquele, com afinidade ou não. Porque são esses que nos cercam, e nem sempre damos a sorte de encontrar pessoas com quem nos identificamos. E aí aprendemos a nos adaptar com as novas situações, os novos grupos, com hábitos e costumes completamente diferente dos nossos. Pessoas com as quais você não sabe nada da vida delas e nem elas da sua. E quando começamos a nos identificar com eles…lá vamos nós de novo para um outro lugar, uma nova casa, uma nova vida e deixamos todos aqueles laços outra vez para trás.

É, pensa que é fácil? Mas não é não! Ainda que a tecnologia tenha aproximado muito mais as pessoas hoje em dia, ainda não inventaram nada que substitua o velho e gostoso abraço de um amigo querido. Sim, aqueles com quem você dava boas gargalhadas e se sentia à vontade para beber além da conta, já não fazem mais parte do seu dia-a-dia. Esses amigos agora estão longe. E o que dói mais: ainda estão no seu coração.

Aqui em Dubai, eu tive a sorte de encontrar um grupo de brasileiras muito bacanas e para lá de divertidas. Beijos pra vocês!

Enfim, mudar é trocar. Trocar de casa, de endereço, trocar de vizinhos, trocar de amigos, trocar de médicos, dentistas, sapateiro, costureira, cabeleireiro, empregada (ah essas são as que mais fazem falta!!), trocar de clima, de costumes, de comida, de cheiros, enfim, de TUDO, e tentar se adaptar da melhor forma possível, para que essas trocas não façam tanta diferença!

 

20
julho
2011

Há alguns meses comprei 3 pares de sapatos em uma loja on-line no Brasil. Mandei entregar no meu endereço do Rio, para que a minha funcionária pudesse mandar para mim aqui em Dubai, com mais algumas guloseimas de supermercado (claro!), o que ela já estava acostumada a fazer. Pois bem, aí começam as dificuldades de se morar em um novo país. A gente “pensa” que é tudo igual,…mas NÃO É ! Um endereço é um endereço, nome da rua, número da casa ou apartamento, bairro, estado, país e CEP. O que tem de errado nisso, certo? Errado! Erradíssimo!! Aqui não é bem assim! Se você é da época que não cansou de cantar Please Mr Postman dos Carpenters, então pode ir tirando o cavalinho da chuva porque por aqui não passa nem vento de pombo-correio! Se quiser receber suas correspondências “comme il faut” (como deve ser) é obrigatório ter um P.O. Box, senão, não chega nadica de nada. E quando perguntei ao fôfo do meu marido qual era o endereço daqui para a minha ajudante mandar os meus sapatos, ele me disse: “Se for pacote, coloca o endereço de casa, assim eles entregam na nossa porta” (hum hum). “Mas se for uma correspondência normal, pode mandar aqui para o escritório” (o qual tinha P. O. Box, mas eu não sabia). Até hoje não entendi porque ele me deu essa informação!? Mas… tudo bem. Vamos em frente rumo aos meus sapatos….

Passei então o endereço daqui de casa para minha ajudante no Brasil, pois como era um pacote, dei o endereço de casa. Expliquei detalhadamente como ela deveria escrever no pacote, e mais tarde ainda me certifiquei de que ela havia feito o serviço direitinho.

Tudo certo? Tudo errado!!

Ansiosa, certa e feliz de que minha encomenda estaria chegando dentro de alguns dias (no máximo 15 dias, contando com atrasos, fins de semana e qualquer possível feriado..) fiquei aguardando pacientemente os dias e as horas passarem para que a minha caixinha chegasse. Mas nada! Nem preta, nem branca, nem de cor nenhuma. Quinze dias se passaram e nem sinal de fumaça da minha encomenda. Ok, vamos dar um desconto, as vezes as coisas não acontecem na mesma velocidade que esperamos. Resolvi dar mais uns 5 dias de “lambuja”. Do meu escritório, eu olhava na janela com o pescoço erguido como um caramujo quando sai da concha para ver se algum santo homem descia de qualquer meio de transporte que passasse aqui na frente (motinho, bicicleta, carrinho rolemã, skate, qualquer coisa), desde que me trouxesse um volume parecido com a minha caixa de sapatos, eu não queria nem saber como ele chegou aqui. Já estava até me conformando com um transeunte qualquer, passeando com cachorro, gato…mas…nem isso! Nem um reles barulho de motor! Comecei achar a demora estranha e o frio na barriga também começou a aumentar, só que para o outro lado. Ao invés de ser de felicidade, era de desespero, porque eu já sabia que naquele mato não tinha coelho, nem cachorro, muito menos carteiro.

Finalmente, depois de muito esperar e perceber que os meus sapatos não iriam chegar tão cedo aos meus pés, resolvi passar a mão no telefone e ligar para o correio para me certificar de que “aquela informação que o meu marido tinha me passado” estava realmente correta (o que eu já deveria ter feito há muito tempo!!). O que não foi para a minha surpresa ouvir do atencioso funcionário árabe/filipino/indiano/ou seja lá qual for a sua nacionalidade de pronúncia duvidosa,  que se na minha encomenda não tivesse um P.O. Box no endereço do destinatário, ela voltaria para trás, ou seja, no endereço do remetente, ou seja, Brasil, ou seja, ferrou, pois aqui nos Emirados, P.O. Box “is mandatory“!!!!!

Hahahahahaha….meus neurônios começaram a dar um nó!!!

Não preciso nem dizer que  eu queria TORCER o lindo pescocinho do meu marido, pois segundo a minha experiência, quando isso acontece, o pacote não só gira o mundo como demora de três a quatro meses para voltar para o remetente, ou seja, Brasil, e só depois disso é que eu poderia tomar alguma providência! Daí já viu…os sapatos que eram para ser usados no verão, vão ser usados só no inverno!! Mais seis meses sem os meus sapatinhos!!! Eu fiquei tao felizzzzzz!!!!

Enfim…nessas alturas não adiantava mais chorar o leite derramado….nao tinha o que fazer a nao ser esperar, esperar, e esperar! Quando eu podia imaginar que um endereço, uma coisa tão comum, que “em qualquer lugar funciona” menos aqui, seria tao complicado??
Pois é, mas aqui é assim. A gente tem que ir na agência do correio e abrir uma caixa postal (P.O. Box) para poder receber nossas correspondências. E esse é apenas um pequenino exemplo dos embaraços que encontramos nessa vidinha de cangurus!

Quer mudar de país??? É bommmmmm….você envelhece mais rápido, a tolerância vai a zero, os cabelos viram palha, aquela referência de família vira pó, e os amigos, ahhhh….se não fosse o Facebook, você tava ferrado kkkkkkkkk!!!

Baked potatoe for dinner!

 

29
junho
2011

Ha quase dois anos, quando ouvi meu marido falando a palavra “Abu Dhabi” pela primeira vez, pensei: “Onde é isso”? Na época, seriam apenas algumas viagens que ele faria para esse lugar de nome esquisito e que eu nunca tinha ouvido falar. Oito meses mais tarde, depois de muitas idas e vindas, lá veio a notícia: “Meu chefe está pedindo para mudarmos para Abu Dhabi”.

- “O QUEEEEÊ?” – retruquei já com o coração disparado! – “Eles precisam de mim lá e preciso resolver o que vou fazer. Você topa ir?”

Eu tinha acabado de decorar a nossa casa em Houston, o que levou nada menos que dois anos. Pintei paredes, troquei piso, texturizei, lixei, patinei, pendurei quadros, coloquei cortinas, arrumei o jardim, construímos a piscina, foram dois longos anos para que tudo ficasse do meu jeito, com a minha cara! Tô feliz! Posso curtir minha casinha, convidar nossos amigos… Mas…

…e agora…? Tenho que começar TUDO DE NOVO??? Ai meu Deus!!

Espera!  Primeiro deixa eu ver onde fica isso (procura… procura….) Ah! Fica do lado de Dubai! Humm, Dubai eu conheço! Conheço, não. Já ouvi falar. Dizem que lá é lindo. Mas e esse Abu……? Abu… o quê mesmo? “ABU DHABI, Teresa”. É isso, Abu Dhabi. Como é lá, hein? – É claro que o meu marido não iria fazer propaganda negativa. Afinal, ele precisava me convencer de que lá era legal. “Ahh, lá é bem bacana. Tem restaurantes modernos, comida deliciosa…”. “OPA, você falou COMIDA DELICIOSA? Hummmm… já comecei a gostar desse Abude aí…”.

Mas o problema não era só a comida, apesar de que, para mim, isso era um fator muuuuuito importante…rs!! Mas eu tinha a Cindy, minha labradora querida, minha filhota, que estava com 13 anos e já não era tão forte assim para fazer uma viagem dessas. Ela já estava com vários probleminhas e seria muito arriscado colocá-la no avião nessas alturas. Afinal, seriam 20 e poucas horas entre voos e paradas até chegarmos ao nosso destino. Além dela, agora também tínhamos a Chloe, uma querida de 2 anos que apareceu lá em casa e foi um presente de Deus e a nossa maior alegria! Como é que eu ia transportar essas duas criaturas para um lugar onde cachorro is not welcome e eles não têm a menor afinidade? Simples o meu problema né??  Uma cachorra poderia morrer no trajeto, e a outra poderia não ser aceita. Eu estava tão felizzzzz!!!!

Não preciso dizer que não dormi nos seis meses seguintes, até ver essas cachorras novamente nos meus braços no aeroporto de Dubai. Foram longos meses de muito trabalho e preocupação. Mas valeu a pena! Estávamos em Dubai e, o mais importante, elas estavam sãs e salvas comigo novamente.

Cindy and Chloe, minhas riquezas